sábado, junho 27, 2009

Crianças esquecidas em carros pelos pais

Preocupa-me a proliferação destes acontecimentos e, também, a não responsabilização dos pais que os desencadeiam. Seja o stress, ou outro qualquer motivo (incompreensíveis para estes casos) , que os leva a esquecerem-se dos filhos nos carros durante várias horas, fatais, sem os deixarem nos infantários, parece-me que estão a suceder-se cada vez mais, quando deveriam era servir de alerta para não se repetirem.

Tanto no caso que houve em Portugal, como na Holanda, o pai foi absolvido. Quando ouvi a conclusão que estes casos teve, pensei que, infelizmente, poderia haver quem se aproveitasse disto e se desfizesse de um filho deste modo, saindo impune. Hoje vi no noticiário que aconteceu de novo, agora na Dinamarca.

Não ignoro que já será imenso o castigo da dor e da culpa que serão os lentos carrascos, as morosas sentenças, para o pai que esqueceu o filho no carro, mas se está previsto na lei o homicídio involuntário e estamos numa sociedade que responsabiliza as acções do indivíduo, penso que deveria reflectir sobre que mensagem estamos a enviar para os demais.

Descubra as diferenças - Duo Botox!

quinta-feira, junho 25, 2009

segunda-feira, junho 22, 2009

Povo que é povo!

Povo que é povo, não tem blogue
Povo que é povo, mal tem acesso à net
Povo que é povo, não tem quem dialogue
Povo que é povo, põe-se em tudo em quanto se mete

Povo que é povo, nunca provou gourmet
Povo que é povo, não conhece quem escolhe
Povo que é povo, não percebe o que lê
Povo que é povo, é grevista para quem o tolhe

Povo que é povo, é perigoso ou pitoresco para quem o vê
Povo que é povo, ninguém lhe diz, gratuitamente, tome
Povo que é povo, não trata ninguém por você
Povo que é povo, alimenta quem mais o come

Povo que é povo, com restos é malabarista
Povo que é povo, quando corre é porque foge, é ladrão
Povo que é povo, é vagabundo, nunca artista
Povo que é povo, sua muito pelo seu pão

....

sexta-feira, junho 19, 2009

Júlio Pomar no Centro de Arte Manuel de Brito

Triplo retrato de Fernando Pessoa, 1982


De um período que comporta 60 anos de obras, surge esta exposição, que eu procurarei não perder, até porque, infelizmente, não consegui ainda visitar o prometedor espaço (Palácio dos Anjos) deste centro de arte, que honra um dos mais antigos galeristas portugueses da era moderna.

Admiro, tanto o pintor Júlio Pomar, como a personalidade que foi Manuel de Brito, e pelas reportagens que vi sobre esta exposição, onde se vislumbram várias obras diferentes, certamente valerá muito a pena.


Espero, emocionar-me, como sempre acontece, quando sou arrebatada pelo "vivo da vida" que Pomar tanto almeja para as suas pinturas.


Até princípio de Setembro no munícipio de Oeiras.
Mais infos.: Exposição

domingo, junho 07, 2009

Porque também somos todos Manoel de Oliveira - homenagem

Um rasto de lágrimas frias arde-me no rosto (.)
de criança envelhecida, com uma centena de anos,
apenas resta a tristeza, por saber dos dias em vão,
do sol vazio e do fim.

Soçobra melancolia, pelos entes queridos,
que se foram todos, as músicas dolorosas
e o Outono em mim.

Das copas das árvores da minha infância,
gotejam todas as folhas - flocos mágicos caem do céu -,
e eu piso-as com toda a energia
com que um dia rebolei nesse jardim só meu.

Ao longe, risinhos soltos, da minha meninice,
ecoam ainda nas margens do rio.
A foz agora fúnebre que me marulha
e eu me arrepio.
São as lestas memórias, varridas pelo vento,
que estão pinceladas na ponte da cor da sombra.
É a nostalgia das histórias, tocadas por um instrumento,
que se quebrou e já não se encontra.

Bordados do pensamento, arraiolos e filigranas,
lembram que há arte em viver e morrer.
Faz parte, esse saber, do eterno aprender
que o espírito empreende nesta viagem.

Um lídimo caminho de infinitas pessoas
e incontáveis sentimentos,
do qual nos libertamos
para não mais percorrermos esses tormentos

terça-feira, junho 02, 2009

Factos conclusivos após estudo empírico sobre a maioria dos espécimes humanóides:

Ou
Manifesto anti-"o ser humano é naturalmente bom":


- Ninguém muda (muito menos a partir de certa idade);

- Só fazem o que querem; o que é bom para eles, o que lhes convém; é o reinado do egoísmo e "um por um e todos por nenhum";

- Grande tendência para (a)gregação (fenómeno "maria vai com as outras"; serve para decisões políticas, afectivas, clubísticas, enfim, todas as práticas e costumes);

- Tudo o que é menos frequente de se ver - o novo, o estranho, o esquisito, o estrangeiro, etc. -, (assusta, e por isso) é para desconfiar, maltratar, abater, etc.;

- Funcionam por encaixe (já se viu no item anterior que quando algo não se encaixa é logo renegado), seja em termos das aparências, que é apenas o que enxergam, seja pelas convenções e conceitos (onde se incluem os pré-conceitos), que elaboram para que tudo faça sentido. Nesse aspecto o homem é pior que o relógio que ele próprio criou, pois não consegue mesmo existir sem pensar e tentar encontrar sentidos para tudo;

- Defendem-se, atacando; perdem instantânea e frequentemente a Razão, que supostamente os distinguia de outros espécimes animais.
Peritos criadores e alimentadores de círculos viciosos, tal como este, o da Violência;

- Todos sentem culpa por algo, mesmo que não tenham a consciência pesada, ou, ainda que não professem qualquer Credo, ou, se esforcem por uma redenção e um lugarzinho no Céu;

- Dão importância a coisas insignificantes; tb passam a vida nisso, talvez porque a vida é demasiado curta (apesar de não terem, no seu decorrer, noção disso), para que ele consigam percebê-lo, distinguir o que é mesmo importante;

- A mesquinhez, a maldade gratuita, pisar os outros para chegar (supostamente) mais alto, é algo recorrente.

Os sentimentos dos humanóides são complexos, tecem teias de conectividade entre si. Como o amor e a culpa e o lugarzinho no céu e o perdão e a violência e a mesquinhez e a ignorância e a superficialidade, etc. É próprio do ser humano, ter um carácter tendencialmente mau, ao contrário do que Rousseau um dia afirmou. É que, actualmente, está muito mais visível e em evidência, por tudo o que o Homem passou,viu e que não pode esquecer, obliterar da sua existência enquanto ser colectivo, o que ele sempre teve de execrável dentro de si, e já não há como fingir, como voltar atrás, dada toda a conspurcação do Ser, um dia, naturalmente bom. Já não somos naturais, somo mega-artificiais, não só pelos/nos costumes e ditames sociais incorporizados, mas também, até mesmo, nos corpos embutidos de plásticos.

Somos animais sociais, artifícios da sociedade ultra-moderna de uma selva que sofre de barbárie tecno-material-crata. Os abutres da competitividade, pelo dinheiro-poder-status, comeram-nos a inocência do amor primordial, de querubins do éden; debicaram-nos o corpo e transformaram-nos em bestas auto-programadas, apenas carcaças de crianças que hoje em dia começam logo com o bullying, para depois passarem a roubar milhões às pessoas, a praticar genocídios, a destruir o âmago do outro sem motivo sequer; seres autómatos para a destruição , não deixando qualquer boa reminiscência possível para a existência de um Futuro.

Ass.: Por alguém que, um dia, já concordou com Rousseau.