quarta-feira, outubro 11, 2006

LIVROS, AUTORES E EDITORES EM DEBATE na SPA

da minha primeira visita à Sociedade Portuguesa de Autores, enquanto recém-licenciada, devo dizer que foi uma desilusão, uma perda de tempo, um contributo para a minha desesperança, leia-se mesmo pessimismo, em relação ao panorama, dito cultural, português. Contam-se pelos dedos de uma só mão (a hedonista provavelmente lol), as pessoas que de facto se insurgem contra a palhaçada das "panelinhas" mais o dito "factor C", de cunha, portanto.

este debate a que assisti não mostrou, para o dinheiro que a máquina SPA gera e requere dos seus tão anunciados protegidos escritores, qualquer cuidado de organização e mínimo de metodologia para um bom funcionamento.

não faltaram, no entanto, as palmadinhas nas costas... que mais tarde ilustrarei aqui neste post, com uma foto.. :)

vejam, no entanto, extractos em vídeo, de um professor(Rogério Santos,coincidentemente,da UCP) na considerada vanguarda das tecnologias ao dispor dos internautas, os blogs.."industrias-culturais.blogspot.com" :

"10.10.06
COM TODAS AS LETRAS - LIVROS, AUTORES E EDITORES EM DEBATE

Começou ontem a série de debates com aquele título, organizada pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) e a revista mensal Os Meus Livros. O tema da sessão de ontem era Novos autores: escrever, publicar e vencer. Moderados por João Morales, director de Os Meus Livros, estiveram na mesa José Luís Peixoto, Filipa Melo, Rui Herbon e Sofia Monteiro, todos nascidos na década de 1970, sendo os três primeiros autores e a última editora.

Tirei algumas notas. Assim, José Luís Peixoto, para quem escrever é um prazer de partilhar, contou o modo como escreveu e publicou o seu primeiro livro, Morreste-me. Narrativa acerca da morte do seu próprio pai, a primeira edição foi de autor, tendo sido depois publicado por uma editora. Já Filipa Melo, dedicada à área de cultura há mais de 15 anos, tendo passado nomeadamente como editora do Público, centrou-se na aventura da escrita do seu primeiro livro, após contrato com a sua editora. A jornalista e escritora, que enfatizou muito a questão do contrato, a relação entre autor e editor, destacou ainda aquilo que mudou nas últimas duas décadas em Portugal: a feira do livro de Frankfurt, que permitiu visibilidade para as editoras nacionais; a atribuição do prémio Nobel a Saramago; a aproximação do mercado português aos padrões europeus; a mediação entre editor e autor estar a crescer como facto da democratização da leitura. Um ponto em que Portugal precisa ainda de avançar é o dos agentes literários, ponte entre autores e editores que trabalha o livro e o promove.

Por seu lado, Rui Herbon falou da sua experiência como autor editado pela primeira vez, após ter ganho o Prémio Eixo Atlântico da Narrativa Galega, e Sofia Monteiro da sua actividade como editora da Esfera dos Livros."


And Best for last: RESTA-ME DIZER-VOS QUE VEJAM UM POUCO DO QUE O PROMISSOR, GENIAL ESCRITOR, RUI HERBON, AUTOR DE "VOAR COMO OS PÁSSAROS, CHORAR COMO AS NUVENS" E "ABSINTO - A INÚTIL DEAMBULAÇÃO DA ESCRITA"; DOS QUE NÃO ENTRAM EM "PANELINHAS" E NO SISTEMA DO "FACTOR CUNHA", DISSE NESTE DEBATE: vídeo (baixa resolução)...

sexta-feira, maio 05, 2006


A minha reflexão sobre o Processo de Bolonha em Portugal:

Penso que ao contrário da maioria das pessoas, acho que o processo não devia ser este que vamos ter em prática, porque tem muitos aspectos negativos, embora corresponda a um bom princípio, de haver intercâmbio entre todos os alunos e todos os sistemas, entre outros. Há um processo de normalização, não só para facilitar a
mudança de curso entre os diversos países, como para haver uma harmonização de competências e assim permitir uma maior mobilidade e competitividade entre os trabalhadores. Isso interessa sobretudo aos processos do Neo-Liberalismo e Comunidade Europeia, para maior coesão social segundo os srs do Ministério da Educação.

Quero então, já que só se têm apregoado bons aspectos em relação a este processo, salientar aquilo que considero os aspectos negativos que penso que terão um impacto prejudicial nos estudantes....

O Processo de Bolonha implica que haja, tal como já existe nos outros países, um esforço contínuo, um pensamento e iniciativas sistemáticas por parte dos alunos que terão de ser verdadeiros “Profissionais do Estudo”, como designou o nosso prezado Professor Fernando Ilharco. Pois eu não considero que os Portugueses estejam preparados para isto. Pelo que tenho visto, nos vários rankings do Ensino em anos consecutivos, a maioria dos estudantes portugueses não está preparado para Bolonha, tal como os professores que também irão necessitar de adquirir novas ferramentas tanto a nível cognitivo como pedagógico. O que me parece estar a acontecer, é mais uma vez o tal fosso, a discrepância a actuar e a aprofundar-se, e a ser transversal a todas as áreas da sociedade; como resultantes da velocidade da mudança tecnológica e do próprio desenvolvimento da Educação, do Saber do Homem. Aumentamos a velocidade da mudança, num ritmo vertiginoso, num frenesim que já nem o Homem controla e sequer possui.

Como resultado derradeiro, este é um projecto que irá produzir um “roubar” de mão-de-obra dos países menos desenvolvidos para os levar para os mais desenvolvidos, como se faz agora com o dito “Terceiro Mundo”. Os beneficiados serão os patrões que vêm os custos com a mão-de-obra diminuirem por um aumento da oferta.
Por outro lado, vai obrigar muitos estudantes a financiar o seu 2º ciclo.

Nem me vou pôr aqui a aprofundar sobre casos de cursos como Direito e Medicina...
Deixa de se ter uma licenciatura de 4 anos para ser desvalorizada para 3 e para se ter 5 anos de licenciatura ter-se-á de pagar muito mais do que nos outros anos, porque também vamos começar a entrar no processo de privatização do Ensino.
Esta tendência vai contra aquilo em que acredito: um ensino gratuito! Acho que os serviços públicos são um direito da sociedade, devem ser gratuitos e acessíveis a todos. A partir do momento em que comercializamos aquilo que é o Saber ou, por exemplo, a Saúde, estamos a fazer funcionar essas áreas em função do lucro e estas não deveriam ser entendidas como um preço a pagar.

Sei o que escrevi aqui pode parecer polémico, por ser aquilo em que acredito, e gerar comentários adversos... por isso, venham eles...

P.S.: Para quem ainda não está a par do Processo, aqui está (a visão optimista dele)..é só clicar para o PDF, inclusive com info sobre acções a implementar a nível nacional...
Digital-Politically Yours, SICCC ;)

quinta-feira, maio 04, 2006

Tema para o Seminário


Sociedade e Tecnologia: Para quando a "Casa do Futuro"?

Escolhi este tema já há algum tempo quando vi uma pequena notícia sobre a "Casa do Futuro". Pensei em como, actualmente, existe uma clara tendência para o envelhecimento e para o aumento da qualidade de vida nas sociedades mais modernas. É, portanto, cada vez mais próxima a ideia de um aumento do uso de tecnologia a nível doméstico, não só por causa da vaga implementada a nível nacional do "Choque Tecnológico" mas também pela evolução dos meios tecnológicos e do seu destaque na Agenda Internacional (em assuntos como a Infoexclusão, a insegurança com o Terrorismo, entre outros).

Em termos mais específicos, encontramos como matérias fortes da "Casa do Futuro", a Inclusão das pessoas com deficiências e a camada mais idosa da população. Pretendo focar o mundo que está em permanente mudança, a velocidade dos ciclos tecnológicos, a interactividade, entre outros assuntos mencionados ao longo das aulas.

A "Casa do Futuro" constitui-se num interessante desafio para a Humanidade, pois vem modificar o sistema organizacional da sociedade e ao mesmo tempo acompanhar as mudanças tecnológicas e sociais.
Não pretendendo uma mera descrição da Casa do Futuro; a apresentação deste seminário visará apurar em que medida é que a "Casa do Futuro" é um reflexo das alterações sociais e das necessidades da sociedade em si.

Espero conseguir concretizar estes objectivos e levar o seminário a bom porto!

P.S.: Para quem estiver interessado em dar uma olhadela ao projecto "Casa do Futuro", clique aqui!

Digitally Yours, SICCC

domingo, abril 16, 2006

A Net no Mundo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade?


"Um dos fascínios da Internet é que ninguém a controla, embora um dos grandes receios associados à mesma seja a perda de liberdade. Embora as atitudes de alguns utilizadores obriguem a intervenções governamentais (por exemplo, no controlo da pornografia e pirataria), a gestão de toda a informação e relacionamento entre os utilizadores da Internet cabe fundamentalmente a eles, utilizadores. Não existem “leis”, mas existe um conjunto de regras: a chamada “Netiquette”.
A Internet, além de descentralizada, é anárquica, que foi crescendo numa base de colaboração voluntária e democrática por parte de muitas pessoas.
Apesar dessa liberdade toda, existem algumas organizações que desempenham um papel de coordenação: ISOC (Internet Society), IAB (Internet Architecture Board), IETF (Internet Engineering Task Force).
Em Portugal, esta gestão de atribuição de nomes aos servidores é controlada pela FCCN (Fundação para a Computação Científica Nacional). Este controlo de nomes ou endereços, não constitui um controlo da própria Internet, antes uma coordenação da sua estrutura (seria uma anarquia total se se pretendesse comunicar com um computador e existissem dezenas com o mesmo nome ou endereço).

Ninguém questiona a importância dos Estados Unidos na história da criação da web, bem como no seu desenvolvimento. No entanto, a internet evoluiu muito nos últimos anos, transformando-se numa ferramenta fundamental (num bem global) para o fluxo de informações, para a inclusão digital e, cada vez mais, para as relações comerciais. Dessa forma, a hegemonia norte-americana no controle da rede mundial de computadores passou a ser questionada. Em dezembro de 2003, durante o encontro mundial da Sociedade da Informação, Kofi Annan (ONU) e os participantes da reunião, aprovaram a criação de um grupo de trabalho para definir questões globais de governança da web."

O desenvolvimento informacional depende de cada Sociedade em que se desenvolve. Temos de ter em atenção que o aumento de Informação não corresponde ao aumento de acesso à mesma. Existem várias dimensões (tecnológica, política, etc) da Informação; esta é elitista de um modo geral. Há uma abundância de Info, mas não de Comunicação e Conhecimento, pois este supõe a partilha da Info por todos.

Kofi Annan alertou a Comunidade Internacional (no dia 17 Maio 2003-Dia Mundial das Telecomunicações) que há milhões de pessoas nos países mais pobres, excluídos do direito humano de comunicar que é visto, cada vez mais, como fundamental. Permitiria não só a partilha e geração de conhecimentos mas, por exemplo, denunciar, mundialmente, práticas genocidas, entre outros, que ocorrem em países "colapsados" (“Rogue States” e ditos “Free Riders”).

"Alguns dados sobre o caso português..."

"Quase dois terços dos portugueses entre os 16 e os 74 anos nunca utilizaram a internet.O Eurostat divulgou esse estudo, segundo o qual o nosso país é aquele onde há um fosso maior entre os que usam com regularidade a internet e os que usam menos, em função das habilitações literárias.

O mesmo documento conclui que, no primeiro trimestre de 2004, 91 por cento dos utilizadores portugueses eram estudantes, 37 por cento, pessoas no activo, e apenas 3 por cento, eram reformados.
A nível europeu, a tendência é semelhante, mas os valores diferem: 85 por cento dos que utilizam a internet são estudantes e 13 por cento, reformados.
A percentagem de portugueses que nunca acederam à internet eleva-se a 66 por cento (quase dois terços) nas mulheres e baixa para 59 por cento entre os homens.
O universo de utilizadores com idades compreendidas entre os 16 e os 74 anos constitui 29 por cento da população portuguesa, ao passo que, a nível europeu, esse valor é de 47 por cento.

O relatório do Eurostat revela que este fosso se justifica pela ausência de infra-estruturas para acesso à rede, devido à falta de estímulo para uso de novas tecnologias e pelos poucos conhecimentos informáticos da população."

Conclusão: A Internet e a Demokratia...

Se por um lado a Internet representa a Liberdade de Expressão, valor caro para os Ocidentais, também há quem diga que ela é amiga do Terrorismo (inimigo 1º da Era moderna Ocidental), pela ausência de limites de acesso e transferibilidade de conhecimentos.
Esta mesma abolição de fronteiras, no entanto, permite um aumento de coesão entre os seres humanos de diferentes proveniências, potenciando assim a fraternidade universal. Dilui ainda, em vários países, as discrepâncias económicas entre vários grupos sociais, promovendo a igualdade, pois a Internet constitui-se numa tecnologia acessível (ubíqua), mesmo tendo em conta a necessidade de formação tecnológica e o problema da exclusão. Cada vez mais há pessoas a aceder à Internet em Bibliotecas e outros (gratuitamente) e nos Chats encontram-se pessoas de variados grupos etários, étnicos e socioeconómicos.
Atentando aos direitos humanos (de Cultura, Educação, Liberdade, Comunicação, Cidadania, entre outros) e tantas outras dimensões societais (mencionadas por Hamelink), a Internet é democrática? É e não é...

Digitally Yours, SICCC
Boa Páscoa e boa viagem p/ colegas que hj foram p/Brasil !!! :)

sábado, abril 08, 2006

BlogComentar...


Confesso que tive muita dificuldade em tecer um comentário acerca de um post apenas, de todos os Blogs que li (e foram mm mtos até então).
Quase todos me pareceram dizer coisas acertadas e cada um com o seu estilo peculiar, uns revelando mais produção escrita que outros; no entanto, não queria simplesmente dizer que concordava ou gostava de certo post...
Apercebi-me que houve um post que surgiu como uma surpresa para mim, também porque apelou para uma das coisas que desde cedo tornaram a minha existência mais agradável: a Poesia. Isto para dizer que optei por comentar um post intitulado "Carta" do Blog do meu colega Nuno Barba.

O post dele surpreendeu-me pelo estilo de prosa poética com que nos remeteu para um aspecto da nossa actual realidade, que ilustra bem a ascensão de novos valores na "Era da Velocidade". Lembrei-me então de como tudo começou, ou melhor, como para mim a Internet tornou-se uma realidade. No final de 1996 comecei a corresponder-me por carta com alguém que morava na Ericeira e cujo endereço me deram por termos estado na mesma situação a nível familiar. Lá nos correspondíamos prazerosamente com a ânsia de quem espera uma carta dos Correios, até mesmo 2 vezes por semana, com a maravilha então recente, do Correio Azul. Em 1997 começámos a enviar disquetes com as cartas e tb imagens várias. No decorrer desse ano, no entanto, houve uma quebra enorme na frequência com que recebia as cartas e descobri que o meu "pen friend" estava entregue ao "vício" do IRC. Entretanto, de tanto me "queixar" e não conseguir vencer, juntei-me aos imergentes internautas.

Hj em dia está estatisticamente comprovado que o mail é o serviço mais utilizado, mais do que compras online e mesmo os chats. Já há cerca de 3 anos que o meu "pen friend" da altura, que entretanto se tornou num dos meus melhores amigos, está a viver na Escócia, em Edimburgo. Com a crescente onda de desemprego dos últimos anos, vários amigos meus decidiram ir para outros países, "tentar a sorte" e não só; já são mais de meia dúzia dos meus melhores amigos, incluindo o meu "irmão do meio" :). A verdade é que se não fosse o e-mail e todos os serviços complementares que me permitem comunicar com todos eles, estaria literalmente sozinha. Estas tecnologias ao contrário do que tanto se apregoa, aproximam as pessoas, tornam as distâncias quase inexistentes e permitem-me ultrapassar a mera comunicação fática que mantenho até com quem está muito perto fisicamente.

Concluindo, tal como o último conferencista Carlos Liz disse, estes novos valores em ascensão, por serem disruptivos, não quer necessariamente dizer que são maus, mas até mesmo o contrário.
Para os seres humanos que desde sempre sobreviveram em grande parte por causa da sua necessidade e capacidade de comunicação, hoje em dia podem encontrar-se no mundo inteiro pessoas que partilham os mesmos gostos e as mesmas dificuldades.
Daí a estrutura em redes de conhecimento (Internet) aumentar o valor do mesmo, em cada nó acrescentado e em cada pessoa semelhante, que é um mundo inteiramente diferente.

Da "Resiliência" à Inovação


A inovação geralmente tem origem numa mudança, seja ela de que natureza for. Nos tempos de velocidade, em que o conhecimento tende a ser cada vez mais perecível, a lentidão está condenada pois é inoperativa. Aos "ciclos curtos" deve-se responder com igual velocidade na adaptação que se faz ao contexto de mudança. A resiliência torna-se num imperativo, numa competência competitiva a desenvolver, não só a longo prazo para a redução do "time2market" mas essencialmente para o restabelecimento com uma aprendizagem para longo prazo.

As oportunidades de inovação numa empresa dependem em grande parte da infraestrutura tecnológica, da interacção humana e da própria cultura organizacional.
Ao explorarmos a rede de comunicação da empresa temos de ter em conta o facto de que um fluxo formal de informação limita a oportunidade de criação, pois este tende a ser imprevisível e espontâneo, sendo difícil de gerir. Para a gestão de conhecimento é fulcral que haja técnicas diferenciadoras baseadas numa adequada rede de sistemas de informação (com as suas ferramentas: Intranets,ERPs,entre outros).

Os inputs constantes e ubiquos que afectam transversalmente toda a Sociedade, numa Era em que "o stress é rei" como nunca antes havia sido, existem novos valores que são concretizados pela nova configuração social. No contexto de "Buyer's Market" que caracteriza o mercado actual, o consumidor tem muito mais poder negocial e exige que haja variedade customizada.
No entanto, se 70% dos gestores admitem que a excessiva complexidade aumenta os custos, diminuindo os lucros, há que ter em atenção quando se adiciona variedade à produção inicial.

Dado os benefícios da inovação, pode então haver a tentação de criar em grandes quantidades (o tal "excesso de criatividade").
Isto incorre num risco: a “Táctica do mais-é-melhor” pode levar ao prejuízo, pois o excesso de informação dado o aumento de complexidade, como sabemos, leva à desinformação e a um aumento de custos.
Para combater essa complexidade prejudicial, as empresas têm de identificar o "innovation fulcrum", ou seja, o ponto em que o nível de inovação de um produto equivale à maximização de lucros e redução de custos.

sábado, março 25, 2006

"Pode ser-se demasiado criativo??"


Penso que o adjectivo "demasiado" não pode ser aplicado à criatividade em si, pois esta não pode ser quantificada.
Pode, no entanto, ser aplicado ao "criativo", ou seja, à pessoa que "cria", tanto no sentido de criar "demasiado bem", como no de conseguir criar em "demasia".

Das pessoas espera-se que tenham muita ou pouca criatividade, mas há aqueles que têm uma actividade criativa que supera largamente a média, casos como Leonardo da Vinci. Não pelas coisas fantásticas que criou, (pois outros também criaram coisas ditas fantásticas) mas pela sua quantidade, pela permanente actividade do seu génio criativo que era ainda multidisciplinar. (criativo=produtivo)
Eu não quantifico a criatividade do objecto pelo simples facto de que aquilo que para uns é bom e estupendo, para outros pode ser banal, muito óbvio ou simplesmente lógico.

Devo referir que, a nível empresarial, de facto existe o risco de o excesso de criatividade (produtividade) levar a um desequilíbrio financeiro.

Concluindo, a meu ver, não se pode quantificar a criatividade do objecto criado mas sim a do seu criador.

“E tenho dito!”, para acabar com o dilúvio criativo dos posts anteriores (aka testamentos lol); nem me vou alongar mais aplicando isto a casos de criatividade digital :)

domingo, março 05, 2006

"Papel de PT na Sociedade Info..."


Estamos mergulhados em redes comunitárias e de informação vital para a sobrevivência dos seres humanos. A Informação torna-se assim num recurso estratégico a gerir.

Quando designamos a nossa sociedade actual de “Sociedade da Informação”, referimo-nos também à Sociedade da Tecnologia, do Conhecimento, da Aprendizagem e da Comunicação. Esta é a Sociedade Global em que vivemos: onde estamos cada vez mais dependentes de tecnologia que gera aglomerados de informação que nos chega de todo o lado, através da interacção pela comunicação que nos faz estar constantemente a aprender.

Este processo levanta um problema essencial: como identificar e apreender o que é verdadeiramente relevante neste turbilhão de informações em que estamos mergulhados?

A Sociedade da Informação exige uma contínua absorção e actualização dos conhecimentos dos cidadãos. O conceito de Educação ao longo da vida deve ser encarado como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e da sua capacidade de discernir e agir.

Em Portugal deverá haver a preocupação dos estudos direccionados para a nova realidade dos meios digitais como o multimédia, a cibersegurança, entre outros. A escola (Educação) desempenha um papel fundamental em todo o processo de formação de cidadãos aptos para a sociedade da informação (potencial/ "informacional") e deverá ser um dos principais focos de intervenção para se garantir um caminho seguro e sólido para o futuro.

Se em Portugal vivemos numa sociedade com uma perspectiva global e temos consciência de que integramos o “micro cosmo” da lusofonia, numa realidade onde cada um dos cidadãos é um potencial produtor de info para a rede (Net), cabe-nos a responsabilidade de fortalecer e solidificar os veios comunitários que existem tanto no mundo lusófono como no mundo europeu. Portugal é um país europeu com história colonialista e não deve abdicar da oportunidade que a sua língua lhe dá: ao ser o elo comum entre tantos milhões espalhados pelo mundo tem de deixar de ser uma “possibilidade” e passar a ser uma “realidade”.

Porque a Sociedade de Informação não é apenas tecnologia mas sobretudo pessoas, enfrentamos a urgência de resolver problemas de fundo como a crise económica, o desemprego e o envelhecimento da população.

A UE está a ser vítima da globalização e das mudanças da economia mundial. Cabe aos Europeus a tarefa da adaptação das mentalidades e estruturas a estes tempos em que a própria mudança muda mais rápido. Falo, pois, de haver ainda um aparelho burocrático muito pesado e obsoleto, um saudosismo da velha glória da nobreza e dos tempos colonialistas, uma espécie de atavismo cultural que olha com desconfiança para a diversidade cultural, causadora de medos e proteccionismos ultrapassados. Como é que se pode construir uma única identidade, coesa, com um espírito comunitário, se existem tantos países na dita “União” Europeia que não abraçam plenamente o conceito de diversidade cultural? Penso que ainda não se passou verdadeiramente da terminologia “Comunidade Económica Europeia” e que a UE que temos é apenas plena na disposição de “livre circulação de bens e de pessoas” que já o Acordo de Schengen previa. De qualquer modo, eu acredito que (como dizia Wiener) através da Comunicação é possível alcançar a harmonia social.

Num mundo onde há países que comprovam a ideia da riqueza que advém do “melting pot”, existem poucos países com uma declarada política inclusiva e oficial de aceitação de Emigrantes. Temos como bons e raros exemplos o Canadá, a Austrália e a Suécia (única na Europa).
Temos (leia-se nós Portugueses) de nos advertir também para um dos motivos do crescente desemprego que é a deslocalização das fábricas para outros países de salários mais baixos.

Tal como o resto da Europa, Portugal também se encontra em crise económica, com o desemprego a ameaçar todos os cidadãos que enquanto jovens, podendo mover-se livremente, procuram emprego noutros países e deixam para trás um Portugal e uma Europa mais envelhecidos. Daí que penso que legalizar os emigrantes seria uma boa medida para levantar os salários e a dignidade da classe trabalhadora nacional. Além disso os emigrantes passariam a integrar realmente a sociedade portuguesa, fazendo do país a sua “casa”, “vestindo a camisola”. Descontariam para a Segurança Social dinamizando o aparelho estatal e garantindo a reforma da tal população envelhecida, da pirâmide demográfica invertida.

Também Portugal tem a responsabilidade de inovar, fazendo uma cisão com os antigos paradigmas e investindo na investigação para as tecnologias, para o Ambiente, a Saúde e a Economia. Partindo do objectivo de maior igualdade e justiça sociais, de uma política de inclusão, combatendo a exclusão, para melhores serviços, mais qualidade, eficiência e produtividade. Há que desenvolver competências para a nova Era em que vivemos; apostar no crescimento, na Educação e nos empregos para então haver ferramentas e condições para construir o tão aspirado espaço único de informação e regulação.

Por enquanto o “sonho europeu” que Jeremy Rifkin verbaliza fica-se pela mera tentativa - o que não é mau de todo, se atentarmos na ilusão e consequente desilusão em que o “sonho americano” se tornou.

sábado, fevereiro 25, 2006

"O Consumo como Espelho do que somos"


Actualmente, nas sociedades modernas, assistimos ao encurtamento do “ciclo de vida dos produtos”; à medida em que diminui o tempo de lançamento de um novo produto (redução do “time to market”) o que por sua vez aumenta a pressão e a competitividade entre as empresas.

É investido bastante tempo e dinheiro por parte das empresas para descobrirem o que leva os consumidores a comprar e qual o seu comportamento e características. Esses estudos de mercado reflectem a evolução e as diferenças entre as expectativas do consumidor de antigamente e o de agora.

Penso que hoje em dia as empresas ganham imenso em prever o comportamento dos clientes para melhor irem de encontro às suas necessidades, reduzindo a margem de erro e aumento o nível de satisfação dos clientes e consequentemente garantindo a sua fidelização.

A ideia de que as pessoas são o que consomem não é de todo longínqua, parecendo por demais óbvia visto que as pessoas compram produtos para satisfazer as suas necessidades, sejam elas de que ordem e por tal os objectos que adquirem tornam-se em extensões e reflexos dos seus caracteres.

O Mundo de facto tem estado em mudança, principalmente nos seus valores e como factores (“dimensões”) dessa mudança, temos os seguintes:

- Velocidade – O frenesim das “sociedades em rede” tem como vítima não só o Tempo mas a Atenção que é também cada vez mais um recurso escasso. Para ir de encontro à necessidade de rapidez na resolução das preocupações dos consumidores, criaram-se várias estratégias de Marketing que asseguram a rapidez como negócio rentável. Temos como exemplos os serviços expresso em vários sectores de actividades e serviços (Lavandarias - 5 à Sec; Fotografias, sesviços de impressão e estampagem - Fnac, Kodak, entre outros). As pessoas exigem que as suas necessidades sejam satisfeitas de modo instântaneo.
Temos ainda a impaciência como característica do consumidor, daí que se criem produtos que dão resultados em poucos dias após o seu consumo: “Activia” da Danone com bifidus activo “em 14 dias o seu organismo funciona como um relógio”; Becel contra o colesterol em 3 semanas resultados comprovados; e claro as refeições caseiras (sopas e pré-cozinhados), que é só abrir e legumes saudáveis já preparados, prontos a comer (como na marca Bonduelle).

- Ciclos curtos – Como perfeito exemplo de produtos com ciclo de vida curto temos o software, o hardware e consumíveis da indústria electrónica; sejam portáteis, Desktop Pcs, pen drives, como os programas para computadores que no dia seguinte já precisam de upgrade. Não só de modas vive a venda de produtos, mas também da necessidade das pessoas. A impressão que tenho é que os bens materiais que sempre foram perecíveis, estão mais perecíveis que nunca.
Fala-se muito da “Era do Descartável”, mas a verdade é que em Portugal os telemóveis descartáveis e outros bens igualmente temporários não caíram nas graças da maioria da população. Nós (leia-se os Portugueses), não valorizamos o que se deita para o lixo, como explicou o Professor Gonçalo Silva aquando se debatia sobre os ditos telemóveis descartáveis que cá não existem. Aí surgiu-me de novo a marca IKEA na cabeça, digo de novo porque quando o Dr. Rui Marques falava das pessoas já não comprarem electrodomésticos a pensar que vão durar a vida toda, lembrei-me da nórdica IKEA que se instalou há pouco tempo em Portugal. A IKEA é um bom exemplo disto que estou a falar; os recheios para casa, desde talheres a móveis, apresentam-se agora não de prata e de mogno para a vida toda, mas com uma leveza no design e na concepção, que instauram a política dos bens mais efémeros que nunca, passíveis de serem trocados com alguma frequência, nem que seja por causa das cores da moda ou da estação vigente. A política da IKEA parece-me de uma inteligência racional absolutamente prática e eficaz, apesar, lá está, de haver muitos cépticos (em Portugal, nomeadamente na “velha guarda”) em relação a isso.

- Império do Novo – A “novidade” é objecto de grande atracção e os consumidores estão já habituados (pois “o Homem é um animal de hábitos”) a que lhes seja providenciada a dose praticamente diária de novidades. Daí se explica a venda de revistas sobre a vida alheia e outras repletas daquilo a que as pessoas consideram como novidades (info-tainment de que Bernstein falava). Há ainda que referir que como se não bastasse esta ânsia pelo “novo”, a “novidade” tornou-se também sinónima de chocante. Consome-se com facilidade e quer-se consumir produtos que têm atributos que a priori nos eram inimagináveis; que por exemplo são multifunções e depois acaba-se por nem se utilizar metade dessas funcionalidades (telemóveis de última geração), até porque é preciso tempo e know-how, tanto para saber usá-las como tão simplesmente para viver.
Esta urgência que as pessoas têm em consumir coisas que não as aborreçam vem ajudar em muito para o desenvolvimento das indústrias da imaginação e da criatividade, como por exemplo o cinema (aplicação de tecnologia e meios digitais; cinema híbrido) e a moda (nas grandes cadeias como a Zara, entre outras, cada vez mais conforto e design que imitam as últimas tendências a preços acessíveis).

- Abundância e Diversidade – O consumidor hoje em dia vai tendo cada vez mais poder negocial. Perante um leque variado de escolha, até bastante democrático pois existe de tudo a todos os preços para todas as pessoas, os tempos da infidelidade são apenas uma consequência dessa abundância, pois ninguém se sente (nem é) obrigado a comprometer-se. Temos o recente exemplo do “Sapo Free” que no próprio anúncio televisivo apela ao não compromisso.
Quantas vezes já não se ouviu – “há tanta coisa que uma pessoa nem sabe o que há-de escolher”...
Há, no entanto, que alertar as pessoas que não dispõem de uma educação para os Media, que o excesso e o bombardeamento de informação traz consigo o “info-lixo” e o Zapping, e a consequente desinformação.
Uma das formas que as empresas encontraram de lutar contra o “reinado da infidelidade”, foi precisamente impondo o oposto – a Fidelização! Está comprovado que é mais rentável fidelizar um já cliente do que atrair um novo. Daí surgem as campanhas de subscrição de serviços, promoções, vales, descontos e clubes com cartões e suas regalias: ao género do cartão minipreço ou os pontos da Galp (que não poderia deixar de mencionar :)); o Actimel “1 por dia todos os dias”, a “equipa Actimel” que assim fideliza as pessoas, com testemunhos da prova Actimel e a eficácia científica dos 10 milhões de L-casei imunitass. :)

-Prazer– As empresas exploram cada vez mais essa característica humana que é a indissociável e inevitável busca do prazer. Constróiem-se estratégias que levam ao consumo, simplemente por essa fraqueza humana e pela exigência de que o consumidor faz de ter conforto e prazer no que consome. Falamos por exemplo de comida que contém aspectos prazerosos como a satisfação de ânsias por doces (gelados como o Magnum e chocolates) ou por outras comidas consideradas deliciosas pelo consumidor. Nas mãos das empresas, os consumidores tornam-se marionetas que cedem aos produtos luxuriantes que as empresas lhes oferecem. Por sua vez, as empresas vêem-se obrigadas pelos consumidores a inventar pedaços de prazer em cada produtos que ponham disponível no mercado. Até mesmo nos produtos considerados mais salutares (como por exemplo os iogurtes e sumos sem gorduras prejudiciais), têm a acrescida tarefa de vender prazer para conseguir convencer os clientes, que regra geral preferem esses produtos a irem a um ginásio ou algo que exija igual esforço (facilitismo e comodismo inerentes às necessidades humanas). Como exemplo nos iogurtes, encontramos a campanha publicitária da “Daníssimo” da Danone, que mostra pessoas famosas (actriz Maria João Bastos numa banheira de espuma; antigamente o cantor Luís Represas e a estilista Fátima Lopes) a desfrutarem de um aparente enorme prazer em degustar o tal iogurte.

- Interactividade – Os cenários virtuais (jogos, simuladores, entre outros) são uma realidade cada vez menos distante. Ao contrário do que todos dizem, a meu ver, francamente penso já estar a estagnar ou em nível de estabilidade essa história da necessidade de interactividade. Penso que nos próximos tempos depois de haver o boom dos telefones de 3ª geração, assistiremos ao declínio dessas necessidades. Penso desta forma porque vejo que as pessoas irão fartar-se da tal excessiva abundância de instrumentos um tanto invasivos que não só promovam a interactividade mas a exijam e a imponham. Porque não simplesmente chegar a casa e querer ver televisão sem ter que ter o esforço de interagir com ela? Apenas poder disfrutar da distracção e entretenimento sem que nos exijam feedback a toda a hora. Parece-me agradável. Se calhar como já ouço falar de interactividade em tudo quanto é aula por estar em Digital, Interactiva (ora pois), acabo por querer contrariar um bocado. Mas sim, as empresas usam de características dos jovens (como os da Geração C e dos espectadores “demasiado” activos) para expandir a hipótese da interactividade que de início acredito ser viciante, nos telemóveis, nos programas de televisão (a dita tv interactiva ainda não completamente introduzida em Portugal) e outros. Também se cria um círculo hermenêutico pois os clientes têm necessidade de interactividade (o ser humano indissociável da comunicação interpessoal e interactiva), as empresas dão-lhes produtos interactivos e por sua vez usam-se do retorno dos clientes para darem-lhes instantaneamente mais e melhores produtos (mais personalização e segmentação em menos tempo) que promovem a interactividade e por aí fora. Temos o exemplo recente da Skip que pede aos seus consumidores que digam o que a marca deverá inventar a seguir, dando-lhes hipótese de participar, criando e sugerindo no website da marca.

- Mobilidade – Temos como exemplo as capacidades e funcionalidades dos telemóveis, dos portáteis, dos leitores de MP3, das pen drives...
Cada vez mais existe a necessidade de termos connosco em qualquer sítio do mundo onde estejamos, todos os nossos contactos e dados. Levamos a vida atrás (um pouco como os caracóis) para qualquer lado que vamos. As empresas vão de encontro a essa necessidade criando objectos de armazenamento de dados cada vez mais potentes, leves e compactos, para melhor portabilidade. O Homem é cada vez mais um “cidadão do Mundo” literalmente, como Sócrates antevia já na Antiguidade. Não somente pela sua mobilidade que é cada vez mais confortável mas também por se encontrar imerso numa sociedade em redes que faz com que o Homem se dilua e se expande até aos confins do Mundo muitas vezes apenas através das suas digitais (viajando na Net). A comunicação é cada vez mais instantânea para o outro lado Mundo e assim as fronteiras são completamente abolidas.

- Desmaterialismo – Uma das características da Rev. Digital é precisamente a hipótese de tornar tudo mais leve, mais compacto e de transmissão veloz, através do processo de digitalização. A existência material das coisas dá lugar à técnicidade da desmaterialização e torna-se essencial adquirir competências e conhecimentos para lidar com esta nova realidade. Como exemplo temos o dinheiro, os livros, os jornais e outros suportes físicos que permitem o Conhecimento, as fotografias, as vidas quase inteiras que passam a ser zeros e uns, numa linguagem algorrítmica e sem presença física mas sim na Internet, a rede global da Informação. Se todos somos potenciais produtores de informação para essa rede, temos de desenvolver capacidades de resposta para a mudança que provoca a ausência de materialidade de tudo o que conhecemos (por exemplo backups de dados). Uma das boas consequências da desmaterialização é a política do paperless, menos aparelhos obsoletos de burocracia e uma economia leve, compacta e portátil. O nosso dinheiro está no ecrã do Multibanco, nos monitores dos computadores com o e-Banking ou mesmo nos pequenos visores dos telemóveis, tal como todos os nossos contactos.

- Pós-figurativismo – Frequentemente os consumidores ou utilizadores finais de produtos cujo público-alvo são as Crianças, são na verdade os seus pais que detêm o poder de compra. Daí que as várias empresas tenham claramente isso em conta e ponham em acção estratégias visando atrair os filhos e convencer os pais. Posso dar como exemplo a campanha recente da Calvè Kids, cujo anúncio publicitário mostra uma mãe a tirar a embalagem de ketchup das mãos do filho para pôr-lhe ainda mais ketchup no prato; e tudo isto porque segundo o anúncio agora o ketchup vem com metade do açúcar e muito mais saudável. É frequente a utilização de crianças e jovens actualmente nos anúncios pois desta forma “atinge-se” a família toda.
Vi há pouco também o novo produto da Compal, “Compal Essencial”, que tem uma adorável criança (na fase de que Piaget apelidava como “a fase dos porquês”) para convencer os consumidores de que é importante comer fruta (que sabemos ser saudável) e portanto como muita gente não come fruta, por não ter tempo, entre outros, a Compal inventou um concentrado de fruta, bebível, que equivale a uma peça de fruta.
A publicidade também faz uso da sabedoria dos jovens, por exemplo na campanha da Reciclagem e do “ecoponto pequeno!”, para levar todas as pessoas a aderir às novas tecnologias e novos hábitos.

- Era do Feminino – O fenómeno que me parece estar a acontecer é de que chegou-se inevitavelmente à Era em que as mulheres são tantas e têm liberdade para lutar pelos seus direitos e pela sua voz activa, que o mundo patriarcal em que vivíamos passa a sofrer uma inversão. Finalmente se chegou à conclusão de que são as mulheres que predominam na inteligência emocional que é a que, cada vez mais, é fulcral para o Mundo em que vivemos. Além disso são as mulheres que comandam (decisoras do consumo) e organizam a primeira instância do sistema organizacional e institucional em que vivemos – a Família. A sua capacidade de ser multitarefas (como o Windows :)) viu-se determinante para ser ao mesmo tempo mãe e executiva. As características femininas são agora+valorizadas e tidas como mais-valia nos homens. Vemos a Publicidade fazer uso desse novo síndroma da feminilidade. Falo de anúncios em que são os homens que lavam a loiça, que vão buscar os filhos à escola e que aderem à vida doméstica sem preconceitos.

P.S.: Prolonguei-me neste post por querer aflorar todas as dimensões mencionadas pelo Dr. Rui Marques e por ver que até então os meus posts foram substancialmente mais curtos que os que vi nos outros Blogs. Este será então para ser lido aos poucos por ser enorme. :)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Eu e a minha t.v. retro...

No dia 15 Fev. fui à aula teórica(no A2)pela 1ªvez.
Às tantas, aquando da afloração do conceito "Homo Zappens", o Professor perguntou se havia alguém que não usava comando à distância quando via televisão. Eu, por infelicidade, precipitei-me levantando a mão... e era a única...o que fez com que o Professor me perguntasse: "não quer contar porquê?" Eu, mais uma vez precipitada deixei escapar em pouco mais que murmúrio: "Não, é demasiado decadente..." O que suscitou nos colegas a dita "gargalhada geral". O Professor, por demais atencioso, ainda me disse algo como: "...mas já agora explique lá...". Eu, esboçando um sorrisinho de quem disse asneira, lá me compus e tentei recuperar a seriedade para explicitar as minhas razões e dizer convictamente que era uma opção ver televisão num aparelho que tem qs a minha idade e inclusive seleccionar os canais manualmente. O que eu não disse, no meio do frenesim, foi que só eu é que gosto de ver essa tv em minha casa, até porque foi uma forma que encontrei de me defender precisamente do desperdício que é ser "Homo Zappens".

Daí concluo, além de constatar que gosto da "cena retro" que cultivo em vários objectos, que cada vez mais parece que penso de maneira estranha e às vezes radical em relação ao que os demais pensam, e que também devemos criar mecanismos de defesa para não sermos afectados pela perniciosa influência que o "info-tainment", o "info-lixo", a desinformação e a velocidade podem ter. Se somos animais de hábitos, que sejamos dos bons hábitos e usemos a nossa inteligência para nos adaptarmos racionalmente, de uma maneira prática , aos "tempos da Velocidade, da Infidelidade e do Descartável".

P.S.: Ainda bem que inventaram isto de "bloggarmos" para reflexão e conhecimento, pq assim poupo-me a embaraços que surgem desta minha pessoa tímida que quando decide abrir a boca, só dá barraca... :) Não intervenho mais assim para o resto do ano, para o bem da Humanidade Académica. LOL

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

I Conferência - Cinema e Tecnologia

Perg.Partida: De que forma a Linguagem cinematográfica evolui em função das TIC!
(por Mestre Jorge Mouzinho Carvalho)
TIC influencia na construção da Imagem (composição) e da Narrativa.
Hj em dia voltamos ao sensorial (do pré-cinema); frame by frame, construção manual (imagens q ñ passaram em frente à câmara).
Imagem síntese(digital)+real=>cinema híbrido.
Realistas vs. Formalistas(Soviéticos)=choque de planos puxam pela interpretação,imaginação...
Tecnologia não criou 1nova linguagem, mas sim 1evolução.
A narrativa (história), a dramatização, é o q (mormente) nos leva ao cinema!

As expectativas ...

...que penso que não chegarão a ser frustrações...assim esperamos...

O impacto da dita "Revolução Digital" a nível socio-cultural... Qual é o seu alcance e profundidade?

Que mudanças? Serão efémeras, positivas ou mesmo meramente instrumento de uma elite?

Ao que parece é cada vez mais importante estar a par (e mesmo estudar) das ameaças e oportunidades de quem está em rede e mesmo de quem ainda pensa estar fora dela.

As Boas Vindas à Cidade da Informação

Este Blog foi criado no âmbito da cadeira de Sociologia da Cultura e dos Meios Digitais Interactivos.

A sua designação ("SICCC") provém tanto das iniciais do seu criador, neste caso, criadora, como sugere a tão falada Sociedade de Informação e Comunicação, acrescentando-se a Cultura e o Conhecimento!

Sejam então benvindos a este fórum! :)