sábado, março 25, 2006

"Pode ser-se demasiado criativo??"


Penso que o adjectivo "demasiado" não pode ser aplicado à criatividade em si, pois esta não pode ser quantificada.
Pode, no entanto, ser aplicado ao "criativo", ou seja, à pessoa que "cria", tanto no sentido de criar "demasiado bem", como no de conseguir criar em "demasia".

Das pessoas espera-se que tenham muita ou pouca criatividade, mas há aqueles que têm uma actividade criativa que supera largamente a média, casos como Leonardo da Vinci. Não pelas coisas fantásticas que criou, (pois outros também criaram coisas ditas fantásticas) mas pela sua quantidade, pela permanente actividade do seu génio criativo que era ainda multidisciplinar. (criativo=produtivo)
Eu não quantifico a criatividade do objecto pelo simples facto de que aquilo que para uns é bom e estupendo, para outros pode ser banal, muito óbvio ou simplesmente lógico.

Devo referir que, a nível empresarial, de facto existe o risco de o excesso de criatividade (produtividade) levar a um desequilíbrio financeiro.

Concluindo, a meu ver, não se pode quantificar a criatividade do objecto criado mas sim a do seu criador.

“E tenho dito!”, para acabar com o dilúvio criativo dos posts anteriores (aka testamentos lol); nem me vou alongar mais aplicando isto a casos de criatividade digital :)

domingo, março 05, 2006

"Papel de PT na Sociedade Info..."


Estamos mergulhados em redes comunitárias e de informação vital para a sobrevivência dos seres humanos. A Informação torna-se assim num recurso estratégico a gerir.

Quando designamos a nossa sociedade actual de “Sociedade da Informação”, referimo-nos também à Sociedade da Tecnologia, do Conhecimento, da Aprendizagem e da Comunicação. Esta é a Sociedade Global em que vivemos: onde estamos cada vez mais dependentes de tecnologia que gera aglomerados de informação que nos chega de todo o lado, através da interacção pela comunicação que nos faz estar constantemente a aprender.

Este processo levanta um problema essencial: como identificar e apreender o que é verdadeiramente relevante neste turbilhão de informações em que estamos mergulhados?

A Sociedade da Informação exige uma contínua absorção e actualização dos conhecimentos dos cidadãos. O conceito de Educação ao longo da vida deve ser encarado como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e da sua capacidade de discernir e agir.

Em Portugal deverá haver a preocupação dos estudos direccionados para a nova realidade dos meios digitais como o multimédia, a cibersegurança, entre outros. A escola (Educação) desempenha um papel fundamental em todo o processo de formação de cidadãos aptos para a sociedade da informação (potencial/ "informacional") e deverá ser um dos principais focos de intervenção para se garantir um caminho seguro e sólido para o futuro.

Se em Portugal vivemos numa sociedade com uma perspectiva global e temos consciência de que integramos o “micro cosmo” da lusofonia, numa realidade onde cada um dos cidadãos é um potencial produtor de info para a rede (Net), cabe-nos a responsabilidade de fortalecer e solidificar os veios comunitários que existem tanto no mundo lusófono como no mundo europeu. Portugal é um país europeu com história colonialista e não deve abdicar da oportunidade que a sua língua lhe dá: ao ser o elo comum entre tantos milhões espalhados pelo mundo tem de deixar de ser uma “possibilidade” e passar a ser uma “realidade”.

Porque a Sociedade de Informação não é apenas tecnologia mas sobretudo pessoas, enfrentamos a urgência de resolver problemas de fundo como a crise económica, o desemprego e o envelhecimento da população.

A UE está a ser vítima da globalização e das mudanças da economia mundial. Cabe aos Europeus a tarefa da adaptação das mentalidades e estruturas a estes tempos em que a própria mudança muda mais rápido. Falo, pois, de haver ainda um aparelho burocrático muito pesado e obsoleto, um saudosismo da velha glória da nobreza e dos tempos colonialistas, uma espécie de atavismo cultural que olha com desconfiança para a diversidade cultural, causadora de medos e proteccionismos ultrapassados. Como é que se pode construir uma única identidade, coesa, com um espírito comunitário, se existem tantos países na dita “União” Europeia que não abraçam plenamente o conceito de diversidade cultural? Penso que ainda não se passou verdadeiramente da terminologia “Comunidade Económica Europeia” e que a UE que temos é apenas plena na disposição de “livre circulação de bens e de pessoas” que já o Acordo de Schengen previa. De qualquer modo, eu acredito que (como dizia Wiener) através da Comunicação é possível alcançar a harmonia social.

Num mundo onde há países que comprovam a ideia da riqueza que advém do “melting pot”, existem poucos países com uma declarada política inclusiva e oficial de aceitação de Emigrantes. Temos como bons e raros exemplos o Canadá, a Austrália e a Suécia (única na Europa).
Temos (leia-se nós Portugueses) de nos advertir também para um dos motivos do crescente desemprego que é a deslocalização das fábricas para outros países de salários mais baixos.

Tal como o resto da Europa, Portugal também se encontra em crise económica, com o desemprego a ameaçar todos os cidadãos que enquanto jovens, podendo mover-se livremente, procuram emprego noutros países e deixam para trás um Portugal e uma Europa mais envelhecidos. Daí que penso que legalizar os emigrantes seria uma boa medida para levantar os salários e a dignidade da classe trabalhadora nacional. Além disso os emigrantes passariam a integrar realmente a sociedade portuguesa, fazendo do país a sua “casa”, “vestindo a camisola”. Descontariam para a Segurança Social dinamizando o aparelho estatal e garantindo a reforma da tal população envelhecida, da pirâmide demográfica invertida.

Também Portugal tem a responsabilidade de inovar, fazendo uma cisão com os antigos paradigmas e investindo na investigação para as tecnologias, para o Ambiente, a Saúde e a Economia. Partindo do objectivo de maior igualdade e justiça sociais, de uma política de inclusão, combatendo a exclusão, para melhores serviços, mais qualidade, eficiência e produtividade. Há que desenvolver competências para a nova Era em que vivemos; apostar no crescimento, na Educação e nos empregos para então haver ferramentas e condições para construir o tão aspirado espaço único de informação e regulação.

Por enquanto o “sonho europeu” que Jeremy Rifkin verbaliza fica-se pela mera tentativa - o que não é mau de todo, se atentarmos na ilusão e consequente desilusão em que o “sonho americano” se tornou.