sexta-feira, maio 05, 2006


A minha reflexão sobre o Processo de Bolonha em Portugal:

Penso que ao contrário da maioria das pessoas, acho que o processo não devia ser este que vamos ter em prática, porque tem muitos aspectos negativos, embora corresponda a um bom princípio, de haver intercâmbio entre todos os alunos e todos os sistemas, entre outros. Há um processo de normalização, não só para facilitar a
mudança de curso entre os diversos países, como para haver uma harmonização de competências e assim permitir uma maior mobilidade e competitividade entre os trabalhadores. Isso interessa sobretudo aos processos do Neo-Liberalismo e Comunidade Europeia, para maior coesão social segundo os srs do Ministério da Educação.

Quero então, já que só se têm apregoado bons aspectos em relação a este processo, salientar aquilo que considero os aspectos negativos que penso que terão um impacto prejudicial nos estudantes....

O Processo de Bolonha implica que haja, tal como já existe nos outros países, um esforço contínuo, um pensamento e iniciativas sistemáticas por parte dos alunos que terão de ser verdadeiros “Profissionais do Estudo”, como designou o nosso prezado Professor Fernando Ilharco. Pois eu não considero que os Portugueses estejam preparados para isto. Pelo que tenho visto, nos vários rankings do Ensino em anos consecutivos, a maioria dos estudantes portugueses não está preparado para Bolonha, tal como os professores que também irão necessitar de adquirir novas ferramentas tanto a nível cognitivo como pedagógico. O que me parece estar a acontecer, é mais uma vez o tal fosso, a discrepância a actuar e a aprofundar-se, e a ser transversal a todas as áreas da sociedade; como resultantes da velocidade da mudança tecnológica e do próprio desenvolvimento da Educação, do Saber do Homem. Aumentamos a velocidade da mudança, num ritmo vertiginoso, num frenesim que já nem o Homem controla e sequer possui.

Como resultado derradeiro, este é um projecto que irá produzir um “roubar” de mão-de-obra dos países menos desenvolvidos para os levar para os mais desenvolvidos, como se faz agora com o dito “Terceiro Mundo”. Os beneficiados serão os patrões que vêm os custos com a mão-de-obra diminuirem por um aumento da oferta.
Por outro lado, vai obrigar muitos estudantes a financiar o seu 2º ciclo.

Nem me vou pôr aqui a aprofundar sobre casos de cursos como Direito e Medicina...
Deixa de se ter uma licenciatura de 4 anos para ser desvalorizada para 3 e para se ter 5 anos de licenciatura ter-se-á de pagar muito mais do que nos outros anos, porque também vamos começar a entrar no processo de privatização do Ensino.
Esta tendência vai contra aquilo em que acredito: um ensino gratuito! Acho que os serviços públicos são um direito da sociedade, devem ser gratuitos e acessíveis a todos. A partir do momento em que comercializamos aquilo que é o Saber ou, por exemplo, a Saúde, estamos a fazer funcionar essas áreas em função do lucro e estas não deveriam ser entendidas como um preço a pagar.

Sei o que escrevi aqui pode parecer polémico, por ser aquilo em que acredito, e gerar comentários adversos... por isso, venham eles...

P.S.: Para quem ainda não está a par do Processo, aqui está (a visão optimista dele)..é só clicar para o PDF, inclusive com info sobre acções a implementar a nível nacional...
Digital-Politically Yours, SICCC ;)

2 comentários:

Carla Ganito disse...

Os pontos que levanta são muito pertinentes. O link para material informativo é também de valor acrescentado. Mas fiocu-se pela sua opinião. Poderia ter procurado elementos para a sustentar.

Carla Ganito disse...

Os pontos que levanta são muito pertinentes. O link para material informativo é também de valor acrescentado. Mas fiocu-se pela sua opinião. Poderia ter procurado elementos para a sustentar.