sexta-feira, janeiro 29, 2010

Tecno-Evolução

Hoje em dia o "i" é igual a interactivo e o "e" a electrónico. Mas não foi apenas linguisticamente, com a utilização de termos mais abreviados e adaptados de outras línguas, mormente o inglês nestas andanças, que tem tido um crescendo nos comportamentos humanos e societais graças à tecnologia.

A este crescendo que tem como origem o próprio aumento da diversidade e qualidade tecnológicas, soma-se um aumento de simplificação dos processos de decisão e dos comportamentos interpessoais que resulta numa perda de qualidade das experiências e aprendizagens dos mesmos. 

Inicialmente, temos história do Homem que inventava materiais e processos para facilitar a sua vida em termos pessoais e sociais à medida que as necessidades surgiam. Depois, tenho em crer, que se tornou numa questão de conformismo e comodismo: "se eu posso inventar e criar, se tenho essa capacidade, porque não exercê-la para me dar mais conforto".
Isto resultou em que a maioria da tecnologia que é criada nos últimos tempos não tenha, em termos reais, tanta servitude quanto isso, ou seja, podia-se passar bem sem ela. É claro que aliada à urgência do belo e do rápido, a Tecnologia adoptou um estatuto não de "corresponder a uma necessidade humana" mas sim de embelezá-la e de ser objecto de sonho e fugacidade.

O ser humano criou muitos aparelhos aos quais pode dar ordens, comandar e ter imediata satisfação com as suas respostas. Estranha-me verificar que, se antes o Homem criou para poder dar ordens e comandar, agora vê-se escravo desses mesmos aparelhos e não consegue fugir a fazer o que eles ditam, muitas vezes nem se apercebem disso.

Teóricos defendem que os instrumentos que o homem cria, a Tecnologia, é sempre uma extensão dos seus membros e sentidos. Em verdade, é o Homem que desenha e coloca todos os parâmetros e atribui as funcionalidades que os aparelhos têm, até mesmo as ordens/requisitos que eles exigem aos seus usuários. Com isto poderia concluir que o Homem criou a Tecnologia para a comandar e em última instância para se comandar; aliviando-se de uma parte do processo decisivo será que o Homem no fundo fê-lo para se controlar? E tendo-se de facto demitido de certas exigências do pensamento decisório, terá o ser humano realmente afastado a pressão da decisão? 

Parece-me claro que o que foi removido da equação Homem+Tecnologia+Decisão=Acção foi a responsabilidade, dando-se assim um falso alívio da pressão da Decisão e um falso demitir de responsabilidade na Acção. O facto de decidir carregar num botão para obter certa acção, um pouco como quando se paga com o cartão multibanco, retira materialidade e consequente peso da própria acção.

Numa metáfora mais visceral, lembro-me de que como seria menos impactante na consciência de um indíviduo matar alguém com as próprias mãos ou com uma arma. O/s meio/s (medium/media) que se usam para concretizar uma acção suavizam-na, de tal modo que a podem tornar inexistente na mente de quem as pratica. Sim, definitivamente, a Tecnologia (nas mãos do Homem; e estou a falar da usada no quotidiano) pode ser muito perigosa e é motivo de preocupação, em especial para o resultado (e também futuro) que está a ter nas gerações mais jovens.

quinta-feira, janeiro 21, 2010


Quantos já não estiveram numa conversa assim...