domingo, abril 16, 2006

A Net no Mundo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade?


"Um dos fascínios da Internet é que ninguém a controla, embora um dos grandes receios associados à mesma seja a perda de liberdade. Embora as atitudes de alguns utilizadores obriguem a intervenções governamentais (por exemplo, no controlo da pornografia e pirataria), a gestão de toda a informação e relacionamento entre os utilizadores da Internet cabe fundamentalmente a eles, utilizadores. Não existem “leis”, mas existe um conjunto de regras: a chamada “Netiquette”.
A Internet, além de descentralizada, é anárquica, que foi crescendo numa base de colaboração voluntária e democrática por parte de muitas pessoas.
Apesar dessa liberdade toda, existem algumas organizações que desempenham um papel de coordenação: ISOC (Internet Society), IAB (Internet Architecture Board), IETF (Internet Engineering Task Force).
Em Portugal, esta gestão de atribuição de nomes aos servidores é controlada pela FCCN (Fundação para a Computação Científica Nacional). Este controlo de nomes ou endereços, não constitui um controlo da própria Internet, antes uma coordenação da sua estrutura (seria uma anarquia total se se pretendesse comunicar com um computador e existissem dezenas com o mesmo nome ou endereço).

Ninguém questiona a importância dos Estados Unidos na história da criação da web, bem como no seu desenvolvimento. No entanto, a internet evoluiu muito nos últimos anos, transformando-se numa ferramenta fundamental (num bem global) para o fluxo de informações, para a inclusão digital e, cada vez mais, para as relações comerciais. Dessa forma, a hegemonia norte-americana no controle da rede mundial de computadores passou a ser questionada. Em dezembro de 2003, durante o encontro mundial da Sociedade da Informação, Kofi Annan (ONU) e os participantes da reunião, aprovaram a criação de um grupo de trabalho para definir questões globais de governança da web."

O desenvolvimento informacional depende de cada Sociedade em que se desenvolve. Temos de ter em atenção que o aumento de Informação não corresponde ao aumento de acesso à mesma. Existem várias dimensões (tecnológica, política, etc) da Informação; esta é elitista de um modo geral. Há uma abundância de Info, mas não de Comunicação e Conhecimento, pois este supõe a partilha da Info por todos.

Kofi Annan alertou a Comunidade Internacional (no dia 17 Maio 2003-Dia Mundial das Telecomunicações) que há milhões de pessoas nos países mais pobres, excluídos do direito humano de comunicar que é visto, cada vez mais, como fundamental. Permitiria não só a partilha e geração de conhecimentos mas, por exemplo, denunciar, mundialmente, práticas genocidas, entre outros, que ocorrem em países "colapsados" (“Rogue States” e ditos “Free Riders”).

"Alguns dados sobre o caso português..."

"Quase dois terços dos portugueses entre os 16 e os 74 anos nunca utilizaram a internet.O Eurostat divulgou esse estudo, segundo o qual o nosso país é aquele onde há um fosso maior entre os que usam com regularidade a internet e os que usam menos, em função das habilitações literárias.

O mesmo documento conclui que, no primeiro trimestre de 2004, 91 por cento dos utilizadores portugueses eram estudantes, 37 por cento, pessoas no activo, e apenas 3 por cento, eram reformados.
A nível europeu, a tendência é semelhante, mas os valores diferem: 85 por cento dos que utilizam a internet são estudantes e 13 por cento, reformados.
A percentagem de portugueses que nunca acederam à internet eleva-se a 66 por cento (quase dois terços) nas mulheres e baixa para 59 por cento entre os homens.
O universo de utilizadores com idades compreendidas entre os 16 e os 74 anos constitui 29 por cento da população portuguesa, ao passo que, a nível europeu, esse valor é de 47 por cento.

O relatório do Eurostat revela que este fosso se justifica pela ausência de infra-estruturas para acesso à rede, devido à falta de estímulo para uso de novas tecnologias e pelos poucos conhecimentos informáticos da população."

Conclusão: A Internet e a Demokratia...

Se por um lado a Internet representa a Liberdade de Expressão, valor caro para os Ocidentais, também há quem diga que ela é amiga do Terrorismo (inimigo 1º da Era moderna Ocidental), pela ausência de limites de acesso e transferibilidade de conhecimentos.
Esta mesma abolição de fronteiras, no entanto, permite um aumento de coesão entre os seres humanos de diferentes proveniências, potenciando assim a fraternidade universal. Dilui ainda, em vários países, as discrepâncias económicas entre vários grupos sociais, promovendo a igualdade, pois a Internet constitui-se numa tecnologia acessível (ubíqua), mesmo tendo em conta a necessidade de formação tecnológica e o problema da exclusão. Cada vez mais há pessoas a aceder à Internet em Bibliotecas e outros (gratuitamente) e nos Chats encontram-se pessoas de variados grupos etários, étnicos e socioeconómicos.
Atentando aos direitos humanos (de Cultura, Educação, Liberdade, Comunicação, Cidadania, entre outros) e tantas outras dimensões societais (mencionadas por Hamelink), a Internet é democrática? É e não é...

Digitally Yours, SICCC
Boa Páscoa e boa viagem p/ colegas que hj foram p/Brasil !!! :)

sábado, abril 08, 2006

BlogComentar...


Confesso que tive muita dificuldade em tecer um comentário acerca de um post apenas, de todos os Blogs que li (e foram mm mtos até então).
Quase todos me pareceram dizer coisas acertadas e cada um com o seu estilo peculiar, uns revelando mais produção escrita que outros; no entanto, não queria simplesmente dizer que concordava ou gostava de certo post...
Apercebi-me que houve um post que surgiu como uma surpresa para mim, também porque apelou para uma das coisas que desde cedo tornaram a minha existência mais agradável: a Poesia. Isto para dizer que optei por comentar um post intitulado "Carta" do Blog do meu colega Nuno Barba.

O post dele surpreendeu-me pelo estilo de prosa poética com que nos remeteu para um aspecto da nossa actual realidade, que ilustra bem a ascensão de novos valores na "Era da Velocidade". Lembrei-me então de como tudo começou, ou melhor, como para mim a Internet tornou-se uma realidade. No final de 1996 comecei a corresponder-me por carta com alguém que morava na Ericeira e cujo endereço me deram por termos estado na mesma situação a nível familiar. Lá nos correspondíamos prazerosamente com a ânsia de quem espera uma carta dos Correios, até mesmo 2 vezes por semana, com a maravilha então recente, do Correio Azul. Em 1997 começámos a enviar disquetes com as cartas e tb imagens várias. No decorrer desse ano, no entanto, houve uma quebra enorme na frequência com que recebia as cartas e descobri que o meu "pen friend" estava entregue ao "vício" do IRC. Entretanto, de tanto me "queixar" e não conseguir vencer, juntei-me aos imergentes internautas.

Hj em dia está estatisticamente comprovado que o mail é o serviço mais utilizado, mais do que compras online e mesmo os chats. Já há cerca de 3 anos que o meu "pen friend" da altura, que entretanto se tornou num dos meus melhores amigos, está a viver na Escócia, em Edimburgo. Com a crescente onda de desemprego dos últimos anos, vários amigos meus decidiram ir para outros países, "tentar a sorte" e não só; já são mais de meia dúzia dos meus melhores amigos, incluindo o meu "irmão do meio" :). A verdade é que se não fosse o e-mail e todos os serviços complementares que me permitem comunicar com todos eles, estaria literalmente sozinha. Estas tecnologias ao contrário do que tanto se apregoa, aproximam as pessoas, tornam as distâncias quase inexistentes e permitem-me ultrapassar a mera comunicação fática que mantenho até com quem está muito perto fisicamente.

Concluindo, tal como o último conferencista Carlos Liz disse, estes novos valores em ascensão, por serem disruptivos, não quer necessariamente dizer que são maus, mas até mesmo o contrário.
Para os seres humanos que desde sempre sobreviveram em grande parte por causa da sua necessidade e capacidade de comunicação, hoje em dia podem encontrar-se no mundo inteiro pessoas que partilham os mesmos gostos e as mesmas dificuldades.
Daí a estrutura em redes de conhecimento (Internet) aumentar o valor do mesmo, em cada nó acrescentado e em cada pessoa semelhante, que é um mundo inteiramente diferente.

Da "Resiliência" à Inovação


A inovação geralmente tem origem numa mudança, seja ela de que natureza for. Nos tempos de velocidade, em que o conhecimento tende a ser cada vez mais perecível, a lentidão está condenada pois é inoperativa. Aos "ciclos curtos" deve-se responder com igual velocidade na adaptação que se faz ao contexto de mudança. A resiliência torna-se num imperativo, numa competência competitiva a desenvolver, não só a longo prazo para a redução do "time2market" mas essencialmente para o restabelecimento com uma aprendizagem para longo prazo.

As oportunidades de inovação numa empresa dependem em grande parte da infraestrutura tecnológica, da interacção humana e da própria cultura organizacional.
Ao explorarmos a rede de comunicação da empresa temos de ter em conta o facto de que um fluxo formal de informação limita a oportunidade de criação, pois este tende a ser imprevisível e espontâneo, sendo difícil de gerir. Para a gestão de conhecimento é fulcral que haja técnicas diferenciadoras baseadas numa adequada rede de sistemas de informação (com as suas ferramentas: Intranets,ERPs,entre outros).

Os inputs constantes e ubiquos que afectam transversalmente toda a Sociedade, numa Era em que "o stress é rei" como nunca antes havia sido, existem novos valores que são concretizados pela nova configuração social. No contexto de "Buyer's Market" que caracteriza o mercado actual, o consumidor tem muito mais poder negocial e exige que haja variedade customizada.
No entanto, se 70% dos gestores admitem que a excessiva complexidade aumenta os custos, diminuindo os lucros, há que ter em atenção quando se adiciona variedade à produção inicial.

Dado os benefícios da inovação, pode então haver a tentação de criar em grandes quantidades (o tal "excesso de criatividade").
Isto incorre num risco: a “Táctica do mais-é-melhor” pode levar ao prejuízo, pois o excesso de informação dado o aumento de complexidade, como sabemos, leva à desinformação e a um aumento de custos.
Para combater essa complexidade prejudicial, as empresas têm de identificar o "innovation fulcrum", ou seja, o ponto em que o nível de inovação de um produto equivale à maximização de lucros e redução de custos.